Meus leitores, ótimo final de quinta-feira para vocês. Na minha última
postagem, falei um pouco como fiz minha prova no Enem, e pra falar
verdade, ainda não tive coragem de olhar o gabarito! Risos. O medo de
ficar decepcionado comigo mesmo, não é pequeno não. Mas fiquem
tranquilos, que assim que a coragem aparecer, verei e trago o resultado
em primeira mão aqui no Blog. Dando continuidade a saga "Enem", Hoje
trago uma reflexão que recebi por e-mail e resolvi compartilhar com cada
um. por mais que possamos fugir da realidade, a mesma está
presente e é "Nua e crua" ao nosso redor. Mesmo tendo uma visão
favorável quanto o que eu achei de ser "Incluído participante" Na prova,
minha visão crítica também é a favor do e-mail, fazendo também minhas
palavras, se for para dizer algo contra a este "Dito Sistema". Sendo
assim, desejo uma boa reflexão para você que vai ler, e Que Deus
continue abençoando cada vez mais a todos! AMÉM!
***
ANO 117 Nº 26 - PORTO ALEGRE, QUARTA-FEIRA, 26 DE OUTUBRO DE 2011
Reflexões sobre o Enem
Todo ano, na época do Enem, reflito sobre o vestibular. É o sistema mais cruel já aplicado por um país contra os seus jovens. Está baseado na falsa justiça
da meritocracia. Um país sério estabelece o escore mínimo a ser alcançado por um estudante para entrar na universidade e banca vagas para todos os aprovados.
Esse conhecimento mínimo é exigido em nome do bom acompanhamento das atividades universitárias. Já o vestibular cria uma competição entre os adolescentes,
isenta o Estado de abrir vagas para todos e gera a ideia de que só os "melhores" devem chegar à universidade. O primeiro erro é pensar que os vencedores
são, de fato, os melhores. Fazer a mesma prova no mesmo horário não estabelece igualdade na competição. As condições de preparação são profundamente desiguais.
Salvo exceção, vence o que teve mais tempo e melhores condições de preparação. O vestibular reproduz a desigualdade social.
A segunda falácia do vestibular diz respeito à ideia de que só os melhores devem entrar na universidade. Por quê? É uma concepção elitista, discriminatória
e oportunista. Permite a um extrato social manter a ocupação dos melhores espaços da sociedade. A universidade deve receber todo mundo e "melhorar" os
menos bons ou os piores. Cada jovem deve ter o direito de ser "melhorado" nos bancos do ensino superior. Deve ser fácil entrar na universidade. Difícil
tem de ser a saída. A justificativa para a utilização do vestibular sempre foi a de que não haveria recursos para bancar todo mundo na universidade. É
conversa fiada. Por trás dessa racionalização esconde-se a mentalidade meritocrática de reprodução do modelo social dominante. Aos ricos, a universidade.
Aos pobres, o ensino técnico. Salvo, obviamente, as exceções que confirmam as regras. O Brasil ficará muito mais decente quando o vestibular acabar.
Volta e meia alguém deixa escapar seu elitismo com um "agora qualquer um entra na universidade" ou "o ensino superior já não é mais o mesmo, pois recebe
todo mundo". É isso aí. A universidade precisa receber qualquer um. Exames de saída do ensino médio também são seletivos. Podem ser feitos por fileiras
(científica, literária, ciências humanas). Para vencer em cada fileira é adequado fixar um rendimento mínimo em certas matérias. Todos que atingem a meta
passam a ter direito a uma vaga. Claro que é mais fácil jogar os jovens numa luta fratricida e lavar as mãos. Chama-se isso de seleção dos melhores. O
governo economiza e a sociedade atualiza o mecanismo, denunciado pelo sociólogo Pierre Bourdieu, da distinção social reproduzida pela educação classificatória.
O Chile escolheu um modelo ainda mais perverso: a privatização total da educação. Só estuda quem pode pagar caro. É o mesmo que muitos desejam para a saúde.
Um tiro no pé.
O Enem precisa transformar-se no exame único de saída do antigo segundo grau e de entrada no mundo do ensino superior. As resistências são óbvias. É muito
mais simples organizar tudo como se fosse um campeonato com troféus para quem faz mais gols. Só que é injusto. A época do vestibular passou. Já é tempo
de um novo tempo.
Juremir Machado da Silva
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